01/05/2012

TRÊS ANOS


Terça-feira, 01.05.2012, 16:41hs.

Há três anos Deus levou de volta para si o meu pequeno Samuel.
Ter sido mãe dele, foi a experiência mais avassaladora da minha vida, nos mais fortes sentidos e sentimentos. Foi transformador tudo aquilo que vivi, e terrivelmente lindo, com pavorosos momentos em que meu filho e eu éramos a maior força de união, amor e medo de perdermos um ao outro. Éramos pura necessidade de viver a curto prazo todo o nosso amor e dependência mútua, em profundos instantes de eternidade.
São três anos, que para mim não fazem a menor diferença. São como três horas, três minutos...
Quando lembro de tudo, é quase como se não fosse comigo. Faço-me de espectadora do que passou; não é algo planejado, talvez seja uma forma de me protejer. Mesmo assim, às vezes são inevitáveis as lágrimas, o envolvimento, e obviamente não há como viver alheia a uma dor que é minha numa totalidade plena... e que é agora parte da minha natureza. Não há como escrever sobre isso, sem "curtir" o meu pranto.
Fui forçada a assimilar na prática que não tenho nada, nem ninguém. As pessoas em minha vida, ou as coisas, me foram confiadas por Deus.
Sejam os meus filhos, meu marido, amizades, ou bens materiais, tudo me foi confiado por Deus, nada me pertence. O meu papel é administrar da melhor forma possível, entregando-me, dedicando-me, amando, zelando, e sabendo priorizar o que realmente é precioso. 
Ninguém é dono de nada.
Quando você acha que é dono de alguma coisa... ...
Quando você acha que é dono do seu carro, vem um ladrão e o rouba de você - e você sente que foi roubado. Quando você vive a consciência de que não é dono de nada, não lhe roubam nada; e se roubam, você não se sente roubado,  porque "Aquele" que lhe confiou tomará providências. Aquilo que voltar pra você, está dentro do prazo de confiabilidade do Senhor; o que não voltar, teve o ciclo cumprido em sua mão, dependendo de como você se saiu, outras novas coisas o Senhor irá lhe confiar.
Nos dias de hoje o ser humano tem valorizado mais as coisas do que as pessoas. 
Algo que me traz muito alívio quando penso em Samuel, é a certeza de que eu jamais fui negligente, distante, omissa ou ausente na vida dele.
São três anos de um luto profundamente íntimo, eterno, mas que completo de uma forma privilegiada.  Experimentando de novos sorrisos, numa nova vida que Deus confiou a mim e a minha família, meu caçula Josué, que fará um ano de vida no último dia deste mês.
É mesmo um mês muito significativo em minha vida, do primeiro ao último dia; no qual todas as mães que existem em mim são exploradas, vividas, e intensificadas...  E não há nada mais extraordinário na vida de uma mulher do que ser uma mãe com todos os seus limites explorados e amadurecidos, com sua maternidade agonizada, aguçada, e fundida na natureza da alma.
Sou grata a Deus por absolutamente tudo, especialmente por minha filha Jessica, de 16 anos, que compartilhou comigo dos piores e dos melhores momentos da minha vida! 
Ela é um exemplo de superação que não manifesta qualquer sequela, só aprendizado e força!
É uma adolescente centrada, e por sabedoria e amor, ela escolhe a obediência, sem perder sua autenticidade. E em momentos difíceis do nosso relacionamento ela se limita a argumentar comigo sem alterar o tom de voz, ou o comportamento.
Não sou do tipo "mãe de miss" que fica enchendo o ego da filha; incentivo sempre, mas acho que só libero meus elogios em situações irresistíveis! Tenho que elogiar mais, porque hoje Jessica é o que é pelos próprios méritos. Há um momento em que o ser humano é resultado das próprias escolhas. 
Eu reconheço que tenho uma filha linda, educada, que me respeita e me ajuda muito.  
Minha filha é aquela que está sempre ali, mesmo quando a casa parece estar vazia!
Minha filha... Oh Deus...!!! Eu amo muito a minha menina!
 Amo muito os meus filhos, amo o meu marido!!!
Sou uma mãe privilegiada, e uma mulher realizada!
Que Deus seja para sempre com os meus amados filhos, Jessica, Samuel e Josué.
Que Deus seja para sempre com a nossa família.


Amor, SSA

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