Na década de oitenta, a indústria musical ainda preocupava-se
com conteúdo, pois ainda considerava o enorme poder de interferência e
influência da música na cultura e no comportamento das pessoas. Ainda que a
maioria das músicas fosse para o público adulto, os jovens e as crianças
inevitavelmente teriam acesso, então, salvo algumas exceções, prevaleciam
músicas com conteúdo de qualidade ou no mínimo inofensivas à moral, ao
comportamento e ao desenvolvimento do intelecto e do caráter. Além disso, o público infantil
ainda tinha diversas opções, e ícones praticamente desprovidos de malefícios
para aquela geração em desenvolvimento.
Hoje, a indústria musical negligencia completamente a
formação das próximas gerações, fazendo com que o grande público, independente de faixa etária, perca todo e
qualquer critério, e sequer tenha opções! É absurdo achar que não há nenhum
problema com a vulgarização musicalizada em detrimento da degradação moral e
social, desde que gere renda e empregos! A renda ou empregos gerados pela
pornografia musical e pela idiotização de um povo é injustificável! Hoje as
crianças quase não têm ícones infantis, e nenhum vale a pena! Muitas crianças têm se espelhado em figuras bizarras, danças vulgares, e letras imorais, e têm aplicado todo esse lixo como prática de vida e comportamento sob o olhar omisso de muitos adultos anestesiados pelas tendências.
A responsabilidade pelo filtro moral nas nossas próprias
escolhas, refletirá inevitavelmente nas escolhas feitas por jovens e crianças!
Cuidemos da nossa autenticidade e integridade, e principalmente das nossas
crianças, pois são como esponjas que a tudo absorvem passivamente. Precisamos
nos unir em certos propósitos, manifestando de algum modo indignação e
insatisfação, porque, infelizmente, maioria dispersa é apenas uma forma de
minoria.
Suely Soares de Araújo
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