Maio, 2018.
Venho com o
patriotismo de uma cidade ferida, fazer um apelo a esta competente emissora, de
profissionais ainda sensíveis e de credibilidade estabelecida, a fim de alguma
atenção e providência mínima, em prol do que aqui relato.
Não se trata de algo que por si só expresse a
importância devida, infelizmente! E é exatamente por isso que a querida Rádio
Difusora Tupã experimenta hoje o seu momento mais crítico e possivelmente um
aparente estado terminal. Porque nos tempos atuais, já não se valoriza como
dantes patrimônios históricos, memórias ou adereços que fazem parte de um marco
na vida das pessoas, na sua cultura e sua História!
A rádio difusora Tupã, é patrimônio material e
imaterial da cidade de Goiana, Pernambuco, e com mais de sessenta anos de
existência entoou fielmente clássicas canções no simplório e familiar cotidiano
goianense, prestigiando fases especiais no decorrer do ano, anunciando suas
perdas nas reverências aos óbitos da cidade, propagando o comércio, saudando os
aniversariantes do dia, trazendo dinâmica, patriotismo, interação e suavidade à
rotina dos seus moradores, que embalados em melodias e em poesias,
experimentavam de uma qualidade fomentadora de valores dos quais o mundo
carece.
Hoje, a rádio Tupã encontra-se em estado de
emergência! Suas estruturas externa e interna, sinalizam alerta de grande
tristeza e cansaço! Se em tempo perfeito não houver as necessárias intervenções
em seu resgate, a emissora despercebidamente soltará o seu último fôlego!
Os serviços comerciais prestados pela Tupã foram
em maior parte substituídos por novos mecanismos de divulgação, minando seu
fluxo produtivo e refletindo hoje nas feridas das suas estruturas e dos seus
recursos.
O teto dos seus cabelos brancos, as paredes da
sua pele enrugada, o reumatismo do seu piso deteriorado, sua voz quase apagada,
revelam a despretensiosa perfeição do tempo, que torna-se tão cruel quando
assistida pela omissão alheia!
A Tupã foi mãe que ninou uma geração, ao
despertar de cada manhã na cidade de Goiana! Ela acalentou a matinal sonolência
dos que seguiam por ruas ainda pouco ensolaradas, a passos involuntários de
marcha, quase atrasados, sob o hino que declara “Goiana terra adorada, sempre
amada dos filhos teus!!!” Trabalhadores, estudantes, ou aquela criança que saiu
para comprar o pão... Todo goianense teve sua trilha sonora compartilhada na
Tupã, ainda que auto ofertada no secreto do coração!
A Tupã chorou personalidades da cidade,
anunciando suas perdas e pesares, cantou Verde Amarelo com Roberto Carlos
durante a Copa de 86, e A Casca do Ovo com Elba Ramalho na copa da dona de
casa, som que o vento trazia... A Tupã anunciou a hora do Ângelus agregando
valor ao cheiro do café, que vazava das janelas nas casas da cidade!
Ela, que por tantos anos estimulou o pulsar das
veias de Goiana, precisa ser reanimada!
Salvemos a Tupã! Consideremos sua existência!
Usemos nossas vozes! Libertemos este silencioso grito de socorro que ela não
pode dar, pois a vida própria que a Tupã não tem, está em nós!
Sabe-se que as necessidades da cidade são
muitas, mas uma necessidade não anula a outra. Todas tem importância, porém,
nem todas possuem a mesma emergência!
A Rádio Difusora Tupã, já não se inquieta por
querer descobrir “a quem recorrer?” mas se aflige na urgência do “quando
começar?” Pois, se as responsabilidades de âmbito governamental estivessem de
fato comprometidas com o patrimônio material e imaterial da cidade, a Tupã não
pintaria com pinceladas tão aleatórias e impotentes o seu atual quadro de
estado terminal! Quem puder, compartilhe este apelo!
Por Suely Soares de Araújo, Goianense de nascença, essência e prevalência.
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