21/12/2013

ÓTICA





Sábado, 21.12.2013, 00:23hs.

Madrugada fria e calma.
Momentos que me levem a outra dimensão de realidade são essenciais na minha vida, e posso vivenciá-los na liberdade das horas e da mente.
Por estas noites tenho flertado com devoção uma estrela que sempre vejo pela janela do meu quarto pouco antes de dormir; é a mais brilhante deste meu quadro celestial, de um brilho inquieto e oscilante. É como um olho que segura uma lágrima que pode cair a qualquer momento. Fico sonolenta olhando pra ela, com minha mente serena, ouvindo o vento se autoflagelando nas folhas da caramboleira, prestes a adormecer em meio às minhas imaginações, pensamentos e sonhos, até que eu não saiba mais se estou acordada.
Subitamente senti remorso por meu privilégio, e uma profunda gratidão por estar em minha cama, tendo  uma visão tão linda. Senti um latente desmerecimento em pensar que muitas pessoas podem estar olhando para aquela mesma estrela, ao relento, desprovidas de um tudo.
Quem vê com os olhos da alma constata deslumbre de beleza nas coisas mais simples, e se comove nos detalhes mais preciosos de uma situação isolada.
Este imaginário frutífero, este abstrato aguçado, me gera um certo equilíbrio numa lucidez mais bonita.
Lembrei-me que ontem levei meus filhos ao Circo: meu fragmento vivo de infância!
Os sentimentos que tenho quando estou no circo são os mesmos de quando eu era criança. É como usar de novo o meu pequeno vestido de cambraia de quando eu tinha todos os anos a menos! É ter o mesmo olhar inocente e surpreso, interrompido por sorrisos generalizados na fantasia vivida, e depois de tudo pegar numa prateleira empoeirada do coração aquela importância egocêntrica, comovida e grata por sentir que todo aquele espetáculo foi feito só pra mim!
É maravilhoso tecer a história de amor com os meus filhos, bordando na vida deles estes momentos marcantes e simples!
A simplicidade sempre será indispensável para que um momento seja enriquecedor!
Outras situações podem ressecar o terreno das nossas almas, então procuro estar sempre regando o jardim da nossa cultura particular, lembrando sempre que o lúdico repele a superficialidade.
Temos um lar longe de modismos e tendências superficiais, e nossa vida é firmada ainda no que há de profundo, arcaico e verdadeiramente precioso; nisso a poesia é vital.
Extinguir a poesia da vida é como transformar-se em um robô, é viver sem alma.
Só o olhar da alma produz viço, enxerga a verdade, a real beleza de tudo, e o que realmente tem valor!


"As coisas simples são as extraordinárias."

 Por SuA


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14/12/2013

INDECISÃO


Sexta-feira, 14.12.2013, 20:37hs.

Noite cheia de frescor aconchegando um coração que finge não estar preocupado.
Quando certas perspectivas ainda que boas ameaçam nossa estabilidade, é inevitável uma inquietação.
Temos vivido à incerteza de uma possibilidade de mudança, e ainda que o resultado final esteja sob nossa escolha assusta saber que, dependendo deste resultado alguns fins serão inevitáveis para um novo começo.
Gostamos muito daqui, mas vem se repetindo na vida do meu marido uma proposta de trabalho que nos perturba, mas pode nos trazer grandes benefícios e oportunidades, mais qualidade de vida no que diz respeito à segurança, educação, saúde e finanças. O problema é que isso nos custaria 2.320,65 km de distância das nossas raízes, da nossa história, e deste lugar lindo que amamos viver, e que não há melhora financeira que pague.
Preciso de discernimento para não me equivocar e abrir os olhos do meu companheiro para nossa feliz realidade, onde nada nos falta, e a paz nos é o mais importante conforto.
A certeza de que Deus nos trouxe para João Pessoa é algo irrefutável, e eu gostaria de ter esta mesma certeza antes de opinar entre permanecermos aqui, ou aceitarmos o desafio de construirmos uma nova história em Chapadão do Sul.
 Weidson já viveu a experiência de morar lá por seis meses; deu-me boas informações da realidade cotidiana, e principalmente do bom caráter dos que o acolheram e a ele trataram como filho. 
O fazendeiro e proprietário da rádio, possui alguns imóveis, garantiu que estaremos livres de aluguel, além de outros recheios agregados à proposta. Mas, indeciso e relutante, Weidson acabou recebeu uma ligação deste senhor, que pediu-lhe por escrito as condições que podem fazê-lo decidir-se por irmos morar lá. 
O email foi enviado, mas eu estou num grande dilema pois sei que minha opinião é fator decisivo para a resolução de Weidson. Eu gostaria de estar pronta para escolher com ele a melhor alternativa para a nossa família, especialmente para os nossos filhos. Gostaria de ter a certeza de tudo, e já desde o princípio poder dizer "não" ou  "vamos sim", sabendo que estaria fazendo a escolha certa. Quero estar convicta independente de qualquer coisa.  A indecisão de Weidson é reflexo da minha incerteza, sinto que não estou ajudando, mas corremos o risco de perdermos a nossa paz, pois estamos bem aqui, não precisamos arriscar nosso bem estar legítimo por melhoras superficiais, que nos afastarão fisicamente das pessoas que amamos.
Que Deus nos mostre aquilo que devemos fazer, que me sinalize, para que eu possa influenciar com sabedoria!!!...
Tem uma frase que diz: "Na dúvida, melhor não fazer nada!" - nesse caso, o fazer nada não é tão simples, mas mesmo assim pode ser a melhor opção por enquanto!
Só Deus nos pode trazer a certeza das coisas, nEle não existe dúvidas. 

Hora de dormir!
Boa noite e bons sonhos...!!!


Por SuA





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05/12/2013

CAPTURA

 
Quinta-feira, 05.12.2013, 00:55hs.  

Sob a voz de Elba Ramalho, exatamente agora, “Chorando e Cantando”, na Goiana FM, a meia noite e cinqüenta e sete!
Emoções, reflexões, necessidade de escrever, de derramar gritos contidos no tempo.
Como um engano sonso o passado às vezes me parece ser um lugar mais seguro.
Seguindo agora, “Dia Branco” com Geraldo Azevedo, conspirando a favor do meu momento ébrio-emotivo!
Às vezes ficamos pequenos, mínimos diante do que sentimos, e as emoções ganham proporções maiores do que nós, e sentimos mais do que somos.
A música tem poder de fundir emoções do passado e presente num mesmo momento e coração.
Por muito tempo “Chorando e Cantando” foi minha música; eu a ouvia na minha própria direção, me aninhando nela!
Independente do que ela cita, o pranto contido em sua poesia sempre parece ser meu. Aí sento-me aqui para escrever qualquer coisa, e pesco esta surpresa, que me deixa sem as palavras que teriam vindo, e com outras que possivelmente não teriam surgido.
“Dia Branco” que coincidiu em tocar agora, sempre me foi complementar, como também agora! Arrasta a melancolia para uma margem fresca e brilhante, porque estas músicas se seguiam numa fita que eu ouvia compulsivamente entre os meus quatorze e quinze anos, ambas na voz de Geraldo Azevedo.
Na fita também tinha, “O Amanhã é Distante” que sinto apertar um nó, na versão mais chorosa do LP "A Luz do Solo",  tinha também “Você se Lembra”, "Caravana", “Menina do Lido”, “Moça Bonita”, “Sabor Colorido”, “Canta Coração”, e outras tantas terríveis de tão maravilhosas!...
Quando Jessica tinha mais ou menos três anos, perguntou-me enquanto eu ouvia Geraldo, se aquilo era a voz de Deus... !!!
A voz de Geraldo é diferente, é quase feia e sendo linda; é inconfundível.
Música é vital para mim, e às vezes parece ter vida própria também, chega, senta e fica! Envolve-lhe, chora em você, derrama-se... ou pelo contrário, lhe revigora, lhe estimula, lhe inquieta e anima, como é o caso das músicas da academia que frequento.
Não sei se a música realmente tem esse poder, se sou muito suscetível a ela, ou as duas coisas!
Mas certamente a música realça a natureza dos sentimentos humanos.
Ouvir músicas que fazem parte de nós nos captura; sentimos tudo igual a antes; parece que descobrimos que somos os mesmos de sempre e isso é definitivo; sentimos tudo outra vez e somos tudo de novo, num tempo que não passou, e em tempos que não voltam mais.
Hora de voltar!




“Ninguém, ninguém verá o que eu sonhei... só você meu amor...
 ninguém verá o sonho que eu sonhei...” (Chorando e Cantando, Geraldo Azevedo)

Bons sonhos!

Por SuA


   


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