19/12/2012

PRESOS NA REDE




Terça-feira, 18.12.2012, 01:53hs.

Tratando-se de um fenômeno: excesso quando vira veneno, solução quando vira droga, e ferramenta quando vira arma perigosa.
Novos vícios, novas dependências, o quanto a internet, o celular e afins facilitam tudo de bom e de ruim, e até o que é importante torna-se banal.
A confiança em cheque, a força ou fraqueza humana sendo posta à prova numa libertinagem escrava da instantaneidade, onde tudo ficou fácil, com privacidade máxima, para parte de uma geração ainda tão imatura e subdesenvolvida.
Celulares, internet e seus derivados tem sido o ar que muitas pessoas respiram, não há mais como viver sem, especialmente quem já nasce com; ou seria ".com"!
Narcisismo, hipocrisia, nutrição de um ego envaidecido, curiosidade alheia e outros detalhes quase crônicos.
O ser humano tende a ser envolvido e absorvido, tornando-se dependente ou carente destas insignificâncias, que acabam ganhando importância na força do hábito, mesmo não tendo importância alguma.
Não devemos ser ignorantes a cerca do novo, nem precisamos aderir a tudo o que conhecemos.
 O quanto estas coisas são necessárias na vida ou no trabalho das pessoas, só elas podem determinar.
Recentemente foi ao ar uma reportagem abordando sobre o surgimento de uma nova doença, uma fobia relacionada a dependência de aparelhos celulares e da internet.
Segundo pesquisa, hoje em dia, pessoas gastam o que não tem para estar em lugares diferentes, com o propósito de tirar fotos e postar nas redes sociais por mero exibicionismo, resultando em grandes dívidas, e aborrecimentos por trás de sorrisos paralisados pra foto, pois nada pode ser vivenciado sem que seja registrado para o público, pois se não for assim parece não valer a pena.
Pesquisa norte americana concluiu, quanto maior o número de seguidores de uma pessoa numa rede social, mais narcisista a pessoa se torna.
Algumas pessoas não conseguem dormir, vigilantes do próprio ibope.
Talvez, restringir o uso destes aparatos ao limite da real necessidade, seja uma forma ideal para proteger-se da dependência.
Há algum tempo, um apagão atingiu grande parte do nordeste. Trouxe ares maravilhosos dos tempos de outrora, e até de épocas não vividas.
Durante o blecaute, velas acesas em cada cômodo da casa, e feliz com meus filhos fomos para o terraço. O silêncio era ensurdecedor, não se ouvia nem carros pelas ruas! Enquanto a rede embalava minha filha, eu contava causos na cadeira de balanço com meu filho no colo, esperando o marido voltar do trabalho. A noite estava fria, o céu muito estrelado, e a lua iluminava por entre as árvores um cantinho lá fora onde nosso cachorro estava deitado. Só faltou um rádio de pilha para completar a delícia! Foi uma noite simples, e de tão simples muito especial.
Não imagino quantas pessoas "curtiram" a incerteza de quanto tempo duraria o blecaute, mas creio que grande parte ficou entediada, ou até desesperada.
A tecnologia deveria estar a serviço do homem, mas o homem tem sido servo dela.
Façamo-nos livres, escolhendo voluntariamente e a tempo os nossos próprios limites.
É assim também que somos senhores da própria vontade e não servos.
Nossa vontade deve estar sob o nosso próprio domínio.





Suely S Araújo