Como fumar um charuto ou tomar um cafezinho... Como a
experiência única de cheirar uma rosa recém-desabrochada mesmo sabendo que
outras irão desabrochar, ou de ver o sol nascer mesmo sabendo que amanhã isso
vai se repetir... Ouvir um disco de vinil é experimentar o primeiro fôlego
audível da alma da música. É ter palpável sua origem,
sua raiz, e poder ver seu corpo vibrar eletricamente, de forma distinta e rara!
É difícil ouvir um vinil sem
apreciá-lo girar, enquanto a música lança-se às suas linhas. É um ritual involuntário e autodeterminado
no qual "ouvir uma boa música" já não basta. É preciso degustá-la! Contemplar seu
derramamento numa cama espiral de microssulcos. Acompanhar com os olhos suas ondas macias escorregarem até o centro, e sempre em sentido horário, como um relógio que ponteia donzelas melodias em cada novo e virgem segundo!
Por mais velha que seja a música, sobre um vinil ela estará sempre em seu instante de estreia!
Sob o toque de uma ponta de diamante, despertados são os sons ali tão secretamente guardados, contornando o instante vivido quase hipnoticamente, de modo precioso e apreciável!
Ouvir
um disco de vinil pode ser algo transcendental, porque alguns caprichos
tornam-se não apenas um mero hábito, mas uma arte! Especialmente aos
artistas de coração...
Por SSA